quinta-feira, 12 de abril de 2012

O último Momento

O último dia


Esperei pelo que disse
E não disse
Não mais agora e só agora
Arrependo-me da chance que não tive
Sentei-me no banco
Esperando o pranto
 Que não veio
 Levantei-me e fui embora
 Sabendo que não mais agora e só agora
 A última chance, no ultimo dia, ainda tenho
De dizer agora o que não dissemos
De lembrar aqui o que sim vivemos
Dar partida na saudade
E adeus ao convívio
De olhar pro lado e dizer
Não te esquecerei, amigo!

 
       Saibam: - Não é fácil escrever um texto pra quem está indo para a faculdade, para quem está indo morar sozinho, ou para quem está indo trabalhar, enfim, para quem está indo mostrar para todo mundo que cresceu e que sabe se virar, principalmente quando se faz parte disso tudo. Sabemos que a cerimônia de colação de grau é o evento mais chato já criado pelo homem, e que essa não é a primeira nem será a última. Mas, sem duvidas, é única, é a oportunidade de dizermos para quem realmente importa aqui – os amigos – aquilo que realmente importa. Por isso eu fiquei muito tempo pensando no que escrever. Pensei em contar situações específicas, pensei em citar nomes, e relembrar alguns bordões dos professores, coisas do tipo: “aê mulherada” e “tuuuuudo bem”. Mas eu decidi não seguir esse caminho.  A verdade é que nós temos pouco tempo e ficar aqui falando desses três anos como se eles já fizessem parte do passado é um desperdício imenso, afinal, nós ainda temos hoje. E falando nele, no hoje, vale lembrar como chegamos aqui. Nós passamos pela pré escola, pelo ensino fundamental - onde abandonamos nossas mochilas de carrinho -, e então começaram a aparecer as dúvidas, as preocupações e as responsabilidades, que são palavras sinônimas de: ensino médio. Os anos das dúvidas e das descobertas, das responsabilidades e das decepções, os anos que pintam de branco o cabelo de nossos pais; ou simplesmente os deixam sem cabelos, em especial, claro:  O TERCEIRO ANO. 

       Os anos mais divertidos, mais alegres, e que sem dúvida, vão fazer mais falta. Os anos dos acertos e fatalmente, dos erros, os anos em que a bendita pergunta “o que é que eu vou ser quando crescer?”, precisa ter uma resposta, e isso é bem mais difícil do que parece. Os anos em que você fica feliz porque é uma fase que todo mundo passa, então temos onde nos apoiar, afinal, estamos todos no mesmo barco, todos com o mesmo cansaço; especialmente quem decidiu aderir a vida de marmiteiro e fazer técnico junto com o médio: suicídio. Mas, sobrevivemos. São também os anos em que dá vontade de voltar no tempo, de brincar mais, de rir mais, até de estudar mais, mas não dá! Até hoje ninguém inventou a tal máquina do tempo, aquela que consertaria erros, que mudaria decisões, que nos daria a chance de não dizer certas coisas e de dizer outras. Então bate aquela tristeza de deixar tudo para trás, que se mistura com o medo e a insegurança do não saber o que fazer com o futuro que nos resta, afinal, a parte prontinha da vida, acabou. Chegou a hora de andar com as próprias pernas, chega de pedir, está na hora de decidir. A grande diferença do último ano é que nele prevalecem opiniões e anseios; como ninguém é igual a ninguém, cada um vai fazer a sua escolha. E, por mais que ninguém queira, esse vai ser também o ano das separações. 

      Quando o fim desse ano chegar, cada um vai seguir seu caminho, vai continuar a escrever sua historia, porém, agora, fará isso por conta própria, e não é por isso que aquelas amizades – aquelas que contrariaram a percepção de todos nós, de que confiança é sinônimo de tempo - vão ter um ponto final, mas o contato vai ficar difícil, e quando nos lembrarmos daquelas pessoas nos acompanharam durante esses três anos curtos e inimaginavelmente incríveis, quando nos lembrarmos - e olha que vamos lembrar muito – dos intervalos nas quadras, das mexericas do professor Aldo, do único porém memorável trote, das excursões, dos incontáveis seminários - vamos sentir um aperto no coração, talvez esse seja o sentimento mais forte de saudade que vamos conhecer. Porque embora não seja um sentimento de perda irreparável, como a morte, por exemplo, embora não seja uma saudade sem remédio, pelo contrário, será uma saudade cuja cura estará ali, às vezes na mesma cidade ou no mesmo estado, e por isso mesmo mais dolorosa, uma saudade que uma ligação não irá diminuir, nem uma conversa no MSN, nem mesmo as fotos que jamais serão apagadas. Será uma saudade constante, uma saudade desses dias que dividiram nossas vidas em ‘parte adolescente’, e ‘parte adulta’.  Mas que droga ter que crescer! Só que uma hora todo mundo vai passar por essa fase. E ela, como todas as outras, acaba… E é aí que tomamos plena consciência do que é o mundo. Vamos conhecer um mundo de gente, vamos sair pro mundo, vamos em busca do mundo, vamos descobrir o mundo, vamos mostrar pra todo mundo que aprendemos direitinho o que ele significa, e mais do que isso, vamos mostrar para todo mundo que estamos preparados pro mundo! Talvez essa seja nossa última chance de olhar pra essas pessoas a nossa volta e dizer o quanto elas contribuíram para que esses três anos fossem os mais incríveis de nossas vidas, e ainda que seja mesmo a última chance, nós, aqui hoje presentes, estaremos sempre ligados por um pequeno e precioso detalhe: seremos, para sempre, alunos da E.E.E.P Profª Elsa Maria Porto Costa Lima.


       A partir de hoje, cada novo dia será uma nova chance de mantermos vivo esse sentimento, será uma nova chance de olhar pro céu e pedir pra quem quer que seja o Cara lá de cima, que ele cuide dessas pessoas, já que não poderemos mais fazer isso, já que não teremos mais o conforto e a paz que a convivência sempre nos trouxe, já que não podemos mais acordar cedo, ir pra escola e ver que todos os problemas de casa não têm importância, comparados as nossas risadas – e como rimos. Mas também não dá pra vir aqui e falar que foi tudo sempre numa boa, que todos se amavam e que ninguém falava de ninguém. Isso não é verdade. Erros foram cometidos. Mas nós tivemos tempo pra nos conhecer. Quando quase todo mundo decidiu fazer um curso técnico, o que eram os segundos anos viraram os primeiros, os primeiros semestres de diversos cursos técnicos.
        Dizem que os anos ensinam aquilo que os dias não conseguem ensinar. Pois bem, muitas vezes foi brigando que conseguimos entender as coisas, foi no sufoco de terminar o TCC que descobrimos que as pessoas das outras salas eram, agora, também, as pessoas que ocupavam nossos corações, e assim formamos, esse ano, O TERCEIRO ANO, um único, afinal a vida não é um amontoado de coincidências; e cada pessoa que descobrimos nesses dias inteiros compartilhados deixará um vazio diferente em nossas vidas, daí vamos misturar tudo, todas as ausências com todas as suas intensidades distintas, acrescentar uma ou duas colheres de lágrimas, xícaras infinitas de risos e fazer o maior bolo de saudade do mundo, com uma grossa cobertura de VALEU A PENA. Não somos bons porque estudamos na E.E.E.P Profª Elsa Maria Porto Costa Lima; somos melhores porque somos amigos. E seremos. Enquanto essas lembranças viverem em nossos corações, essas amizades construídas entre manhãs e algumas tardes não acabarão. Isso está em nossas mãos. Portanto, FORMANDOS DE 2011, demo-nos as mãos, saiamos da platéia e subimos ao palco, afinal… somos tão jovens! Podemos chorar quando chegarmos em casa, podemos chorar amanhã, depois, durante as férias inteiras – e isso significa chorar muito porque essas férias de ensino médio não terão fim nunca.
FONTE:(http://porqualquerpoesia.tumblr.com/post/2686754418/discurso-de-formatura)  
POSTADO POR: Jorge Kalmon

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